122 anos do Cinema Brasileiro! O cinema no Brasil se inaugura com a chegada dos irmãos Auguste e Louis Lumière, os então criadores da primeira película do mundo, em 1896. Assim, na cidade de Petrópolis, Rio de Janeiro, o primeiro curta metragem foi exibido para a elite brasileira. O curta, denominado “Saída dos Trabalhadores da Fábrica Lumière”, relatava o cotidiano dos trabalhadores europeus.
No entanto, é em 19 de junho de 1898 que temos a origem do cinema brasileiro. Com a primeira imagem em movimento feita em território nacional, os italianos Paschoal e Affonso Segreto, a bordo do navio francês Brésil, filmaram sua chegada à baía de Guanabara, no Rio de Janeiro.
Primeiros filmes
O início do cinema no país, denominado de Bela Época do Cinema Brasileiro, foi marcado em sua grande maioria por produções europeias. Aquelas que eram gravadas em território brasileiro eram majoritariamente documentais, pois buscavam fugir dos padrões internacionais. Como resultado, somente em 1908 a primeira película de ficção do país foi exibida. Intitulado Os Estranguladores, o curta-metragem foi feito pelos cineastas Francisco Marzullo e Antônio Leal.
A princípio, os polos de exibição da época eram Rio de Janeiro e São Paulo, onde os próprios donos das salas de exibição, em conjunto com equipes locais, produziam as obras. Juntamente com algumas comédias, o período se caracterizou por dramas inspirados em crimes reais que repercutiam na mídia. Os filmes de maior importância dessa época são: Os Capadócios da Cidade Nova (1908), A Viúva Alegre (1909), A Gueixa (1909) e Sonho de Valsa (1910).
A expansão nacional
Após a primeira guerra, em meio a crise, o cinema se tornou majoritariamente estrangeiro. Contudo, em 1920, ao mesmo tempo em que o cinema se expande para as demais regiões do território nacional, surge a necessidade de modernizar e profissionalizar as produções. É em decorrência disso que, em 1930, surge o primeiro grande estúdio do Brasil, o Cinédia.
A era hollywoodiana de 30

Com o grande sucesso dos filmes norte americanos, o Cinédia se empenha em seguir a estética hollywoodiana. Se caracterizando não apenas por comédias musicais como também por histórias românticas, o Cinédia não só investe em grandes produções como também dá visibilidade a figuras que viriam a se destacar, como Carmen Miranda.
As principais produções desse período são: Limite (1931), A Voz do Carnaval (1933), Ganga Bruta (1933) e Bonequinha de Seda (1933).
As chanchadas de 40
Essa época, inaugurada pela companhia Atlântida Cinematográfica, foi marcada pela comédia de baixo custo e caráter popular, que tinham por temas mais relevantes o carnaval e o folclore carioca. Por mais que tenha alcançado o gosto popular, as chanchadas tiveram seu fim nos anos 50, em decorrência do surgimento das vanguardas europeias, seguidas de seus movimentos revolucionários.
As principais produções desse período foram: Moleque Tião (1943), Tristezas Não Pagam Dívidas (1943) e Carnaval no Fogo (1949).
O Cinema Novo

A partir dos anos 50, mas ganhando notoriedade somente nos anos 60, as produções brasileiras buscaram fugir dos padrões estrangeiros e se empenharam em produzir obras de caráter nacional. Como resultado, passaram a se preocupar com as pautas sociais e políticas do Brasil, buscando uma arte realista e fugindo do idealizado.
O cineasta que mais marcou esse período foi Glauber Rocha, com a “estética da fome” e o conceito de “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”. Rocha contribuiu com produções marcantes como Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964) e Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro (1968).
Esse período é igualmente marcado pela criação da Tevê Tupi, a primeira emissora de televisão do Brasil.
Posteriormente, nos anos 60 a “estética da fome” foi sucessedida pela “estética do lixo”, dando origem ao cinema marginal, ou Údigrudi. O Bandido da Luz Vermelha (1968) foi uma obra que marcou esse período.
A ditadura militar

Esse período foi marcado pela criação da Embrafilme, empresa brasileira de filmes que se caracterizou pelo controle estatal das produções. Por mais que tenha sido um período marcado pela censura, o financiamento feito pelo Estado fez crescer as produções nacionais. Como resultado, houve uma maior consolidação do cinema brasileiro. Com o intuito de se opor à censura, surge o tropicalismo, movimento caracterizado pela utilização de licenças poéticas e metáforas. Da mesma forma, surgem também as pornochanchadas. Inspiradas nas comédias italianas, eram produções paulistas da chamada Boca de Lixo, que continham uma mistura de humor e conteúdo erótico.
As principais produções desse período foram: Macunaíma (1969), caracterizando o tropicalismo e Dona Flor e Seus Dois Maridos (1976) que, em um recorde de público, levou mais de 10 milhões de pessoas ao cinema.
A crise de 80 e a prosperidade de 90

Logo após a chegada dos videocassetes e das locadoras, juntamente com a crise econômica do fim da ditadura, o cinema nacional declina. Uma vez que não havia orçamento para as produções e nem dinheiro por parte dos espectadores para irem às salas de cinema, em 1992, apenas três filmes brasileiros foram feitos.
A retomada do cinema se dá na década de 90 com a redemocratização do Brasil. Ao passo que Itamar Franco sobe ao poder, a Secretaria para o Desenvolvimento do Audiovisual é criada, mais tarde se tornando a Lei do Audiovisual. Sem dúvida, importantes conquistas foram feitas no cinema nacional: em 1996, O Quatrilho foi indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro e a atriz Fernanda Montenegro, pelo filme Central do Brasil, foi a primeira atriz latino americana a ser indicada ao Oscar de melhor atriz.
O cinema no século XXI

A partir desse período, as produções brasileiras ganham espaço no cenário mundial, ao mesmo tempo que são indicadas a prêmios importantes ao redor do mundo. É o momento conhecido como a pós retomada, onde o número das salas de exibição crescem pelo país ao passo que a indústria brasileira de cinema se consolida.
Filmes de grande sucesso como Tropa de Elite (2007), Cidade de Deus (2002), e os mais recentes Que Horas Ela Volta? (2015) e Minha mãe é uma peça (2013), caracterizam esse novo cenário cinematográfico nacional.
Outros filmes que marcaram a história cinematográfica brasileira:
– Vidas Secas (1963)
Uma adaptação do clássico de Graciliano Ramos, é uma obra de descrição do sofrimento nordestino diante da natureza impiedosa.
– O Cangaceiro (1953)
Filme ambientado na caatinga nordestina, o filme de Lima Barreto foi o primeiro longa-metragem a ganhar prestígio internacional.
– Sinhá Moça (1953)
Filme que retrata a luta da filha de um grande fazendeiro pela causa dos escravos no auge da escravidão do Brasil.
– O Homem de Sputnik (1959)
Uma sátira dirigida por Carlos Manga. Conta a história de um homem que acredita que o satélite russo Sputnik 1 caiu no telhado de sua casa.
– Noite Vazia (1964)
Dirigido por Walter Hugo Khouri, gira em torno do envolvimento de dois típicos homens dos anos 60 com duas prostitutas.
– São Paulo, Sociedade Anônima (1965)
Uma obra que reflete as produções da década de 50, considerado hoje pela Abraccine um dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos.
– Matou a Família e Foi ao Cinema (1969)
Um clássico do cinema marginal brasileiro
– Anjo Loiro (1973)
Uma das melhores produções que refletiam o erotismo que eclodia no cinema da Boca do Lixo, em São Paulo.
– Carlota Joaquina, Princesa do Brasil (1995)
Filme considerado o ponto de partida para a “retomada” do cinema nacional após o fim da Embrafilme.
– Hoje eu quero voltar sozinho (2014)
Uma verdadeira obra-prima do diretor Daniel Ribeiro.
Confira também:
– LISTA | 5 produções nacionais sobre mulheres fortes para assistir no Globoplay