O Séries Brasil é composto por pessoas apaixonadas por séries de tv e cinema. Não somos formados na área, portanto, são críticas feitas de fã para fã, com o intuito de facilitar e democratizar a leitura para todo o tipo de pessoa.
FICHA TÉCNICA
Título: A Substância
Classificação indicativa: +18 anos
Gênero: Drama e Terror
Duração: 2 horas e 20 minutos
Direção: Coralie Fargeat
Elenco: Demi Moore, Margaret Qualley, Dennis Quaid
Sinopse oficial: Em A Substância, uma celebridade em declínio enfrenta uma reviravolta inesperada ao ser demitida de seu programa fitness na televisão. Desesperada por um novo começo, ela decide experimentar uma droga do mercado negro que promete replicar suas células, criando temporariamente uma versão mais jovem e aprimorada de si mesma. Agora, a atriz se vê dividida entre suas duas versões, que devem coexistir enquanto navegam pelos desafios da fama e da identidade. “Já sonhou com uma versão melhor de si mesmo? Você. Só que melhor em todos os sentidos. De verdade. Você precisa experimentar este novo produto, A Substância. MUDOU A MINHA VIDA. Ele gera outro você. Um você novo, mais jovem, mais bonito, mais perfeito. E há apenas uma regra: vocês dividem o tempo. Uma semana para você. Uma semana para o novo você. Sete dias para cada um. Um equilíbrio perfeito. Fácil, certo?”
TRAILER OFICIAL
CRÍTICA SEM SPOILER
Você tem a certeza do talento de uma diretora quando ela consegue transformar um tema raso e repetitivo em algo totalmente profundo. Com um roteiro envolvente e um final disruptivo, A Substância pode ser considerado um dos melhores filmes de terror do ano.
Obras cinematográficas sobre a busca pela aparência perfeita, o amor próprio e como a indústria costuma tratar seus artistas nos bastidores já são algo batido no cinema. Todo ano, vemos algo sobre isso nas grandes telas, o que torna o tema extremamente repetitivo. É algo que, em parte, é compreensível, já que é um assunto que você não precisa elaborar muito para criar uma narrativa, mas é justamente o que faz existir longas preguiçosos. Porém, esse não é o caso de A Substância. Coralie Fargeat consegue criar aqui algo bem trabalhado e coeso, inovador para essa área e surpreendente em momentos que não podemos informar com detalhes para não estragar sua experiência.
Logo pelos trailers, podemos descobrir resumidamente sobre o que a história se trata. Elisabeth Sparkle (caracterizada pela magnífica Demi Moore) é uma estrela conhecida e amada por todos. No entanto, acaba sofrendo com um “vilão” inevitável: o tempo. Por já não ser mais aquela artista jovial e bela que os diretores querem, acaba sendo descartada, o que causa uma decepção em seus sentimentos. Coincidentemente, enquanto está passando por isso, Elisabeth descobre um novo produto que promete ajudá-la, desde que siga algumas regras necessárias para um bom resultado e para evitar que consequências possam acontecer.
A obra consegue se transportar perfeitamente entre os gêneros de drama e terror, tendo em alguns momentos pitadas de comédia muito bem colocadas na trama. Em momentos, você está pensativo e em completa seriedade junto com a protagonista; entretanto, poucos segundos depois, há uma quebra leve de tensão com alguma piada “boba” para descontrair o espectador, que logo irá finalizar a sequência entregando um horror corpóreo extremamente bem feito para deixá-lo agoniado. O body horror desse filme é algo a se elogiar; eles vão até o limite para deixar você chocado com o que é apresentado. Vale salientar também a clara inspiração que A Substância tem com o filme O Iluminado, do diretor Stanley Kubrick. O tom da obra de Fargeat segue muitas vezes na mesma atmosfera que o filme de 1980 e deixa clara a inspiração, com várias referências, como a famosa cena do mar de sangue no hotel e uma semelhança com o tapete da instalação.
A única pequena falha que notamos durante o filme é o fato de que tentam nos convencer de que a personagem tem conhecimento de várias coisas sem nenhuma hesitação. Obviamente, uma artista de TV pode ter ciência de várias outras áreas, mas não é esperado que ela seja praticamente uma expert em medicina, arquitetura e construção para fazer o que faz durante o filme.
Tanto Demi Moore quanto Margaret Qualley fazem trabalhos incríveis aqui. Todos sabemos que ambas são atrizes altamente talentosas, mas elas conseguem nos provar isso mostrando versões totalmente opostas do que seria uma mesma personagem, sem perder a ligação que deveria existir na atmosfera.
E para fechar com chave de ouro, vemos aqui um final apoteótico que acredito que ninguém está esperando de um filme como esse. O começo do terceiro ato pode causar uma leve estranheza por se tornar um pouco mais lúdico do que estávamos sentindo na trama, porém é exatamente nesse ponto que ele nos avisa: “ou se entregue de vez para essa parte lúdica e imaginativa, ou não irá curtir tanto o que virá daqui para frente.” E aconselhamos que faça isso, pois, ao se permitir a esse novo tom, o final de A Substância será surpreendente para você e ficará na sua mente por um bom tempo.
Nota: 5/5