Um apocalipse zumbi brasileiro. Essa é a premissa de Viralizou, livro escrito por Juan Jullian (Querido Ex) e Igor Verde, publicado pela selo Galera do Grupo Editorial Record.
O livro conta a história de dois casais sobrevivendo a um apocalipse zumbi que teve seu paciente zero no Rio de Janeiro. Um terror cômico que têm como protagonistas uma funkeira em ascensão, seu noivo, um jogador de futebol medíocre, e o seu ex-amigo e rival, um apresentador de um programa de fofocas em decadência, que possui um namorado fútil. Esse grupo se vê em maio ao apocalipse zumbi e precisa enfrentar os conflitos do passado para sobreviver.
Mas e o livro? Ele também Viralizou?
Sobre os autores
O livro foi co-escrito por Juan Jullian e Igor Verde.
Juan Jullian é roteirista na TV Globo, onde desenvolve séries originais e diversos projetos. É autor do sucesso Querido Ex e sua sequência, Maldito Ex.
Igor Verde estreia seu primeiro livro publicado, é averso as redes sociais e não há muitas informações sobre ele na internet.
Viralizou e sua comédia caótica
O livro tenta trazer um terror cômico, com situações esdruxulas e exageradas em que personagens caricatos e estereotipados estão vivendo ao passar por um apocalipse zumbi no Rio de Janeiro. A premissa é interessante e promissora, com algumas situações engraçadas e boa dinâmica entre os personagens em algumas cenas.
Erros
O livro peca no excesso. O excesso do esteriótipo faz com que os 4 protagonistas sejam pessoas desagradáveis, e essa era a intenção.
Ao mostrar os protagonistas com seus defeitos, sendo pessoas egoístas e que só pensam nelas mesmas, abre uma oportunidade para aprofundar o caráter deles, e mostrar que eles são mais do que aparentam. Essas falhas de caráter, por serem extremamente exageradas, não aproxima o leitor do personagem e o arco de redenção que faria essa conexão, é quase inexistente.
O livro atrai pelas situações exageradas, tentando fazer um paralelo com o apocalipse zumbi e a pandemia. Criando uma crítica à desinformação e às fake news, que levaram a morte de milhares de pessoas. Porém, essa crítica não foi muito bem construída, parecendo um rascunho do que poderia ter sido.
Acertos
Apesar disso, a escrita dos autores é fluída, os diálogos, quando não estão repletos de frases de efeito de internet, são críveis e a estrutura da história e amarrada em seus arcos. Não é um livro difícil de ler, e a leitura flui bem, com poucos engasgos ao longo das situações que os protagonistas precisam passar para chegar no objetivo final.
Apesar das falhas em questão da construção da história, durante a leitura do livro é possível perceber que a ele não foi completamente planejado para fazer essas críticas, ou construir os personagens, ou passar algo com a obra. Ele, na verdade, foi escrito como uma divertida válvula de escape para os autores, que se deleitaram ao criar personagens caricatos e inseri-los em situações impossíveis, que precisavam sobreviver.
Problemas de finalização
Como os autores não pareceram ter muito planejamento na construção da história em si, a resolução do conflito foi muito simples e anticlimática. O final deixa a desejar e faltam algumas explicações que seriam interessantes.
Mas, é um bom livro para quem gosta do universo de apocalipses zumbis, comédias escrachadas e está iniciando seu caminho na leitura. Porém, pelo livro ser para maiores de 18 anos, ele perde uma boa parte do público em potencial, já que é recheado com linguajar dos jovens na internet e o humor caótico da geração Z.
Nota: 5/10