Título:
O sol também é uma estrela
Título original: The sun is also a star
Autor(a): Nicola Yoon
Páginas: 288
Editora: Editora Arqueiro
ISBN: 9788580416589
Valor médio: R$ 39,90
(clique aqui para comprar)
Uma coisa é certa: não podemos controlar o universo. Assim como é impossível prever o impacto que uma simples decisão pode ter na vida de dezenas de pessoas. Em O sol também é uma estrela (Editora Arqueiro, 2019), Nicola Yoon traz uma história de amor que não é só sobre um casal, mas também sobre família, identidade e o quanto marcamos as pessoas.
Natasha é uma adolescente jamaicano-americana que não acredita em destino. Ela é lógica e racional, e sua vida estava muito bem (na medida do possível) até acontecer um acidente. Daniel é um garoto de descendência coreana que não consegue atender as expectativas tradicionais de sua família. Os destinos dos dois se entrelaçam num dia em Nova York e a conexão é instantânea, porém existe um problema: em doze horas Natasha e sua família serão deportados.
“Quais são os seus principais ingredientes para se apaixonar? Os meus são amizade, química e o fator X.”
Em primeiro lugar, é importante dizer o quão bom é o estilo da escrita de Nicola Yoon. Assim como em Tudo e todas as coisas (Editora Arqueiro, 2017), aqui ela traz personagens interessantes e verossímeis. Daniel e Natasha são as partes centrais da narrativa, mas os personagens secundários também são bem trabalhados. Simultaneamente, a autora traz um ritmo que não deixa a história cansativa, além de deixar o leitor sempre intrigado.
Da mesma forma, outro ponto a ser destacado é a relação dos protagonistas com sua família e origens. Os pais de ambos imigraram de outros países em busca de melhores condições de vida nos Estados Unidos, o “sonho americano” tão difundido durante os anos 20 e que perdura até hoje. Sendo assim, o mix de culturas faz com que os personagens não se sintam completamente pertencentes a nenhuma das duas e esse sentimento é bem trabalhado do início ao fim da narrativa.
“Quero coisa às quais possa dar um nome e algumas coisas as quais não possa. Quero que este momento dure para sempre, mas não quero perder todos os momentos que virão.[…]”
O casal principal funciona muito bem seja junto seja separado. Pelo fato de haver diferentes pontos de vista e a trama ser separada de cada um não há uma co-dependência narrativa. Ou seja, quando um só funciona se o outro estiver por perto. Isso segura o leitor nos momentos em que eles inevitavelmente se desencontram.
Natasha é com certeza uma das minhas protagonistas preferidas. Uma aspirante a cientista completamente cética que vê sua vida virada de cabeça para baixo. A ameaça de deportação joga todos os seus planos pelo ralo e ela se vê tendo que lutar por sua família. Nesse ínterim, o relacionamento entre ela e seu pai é bem desenvolvido e tocante. Além disso, as questões raciais levantadas são muito importantes e um dos diferenciais da narrativa.
Daniel é um jovem sonhador. Ele é um reflexo dos novos galãs de livros Young Adult, que cada vez mais se distanciam do padrão bad boy (esse estilo fica por conta de seu irmão). Logo, o conflito entre ele e seus pais parte principalmente das questões culturais coreanas e as expectativas que de repente foram jogadas em cima dele.
Sob outro ponto de vista, não é possível deixar de falar dos personagens secundários. Ao contrário de muitas obras, aqui as histórias deles importam, assim como seus pensamentos. Como resultado, todos os caminhos estão conectados e é interessante o quanto pequenas interações fazem a diferença na narrativa principal.
“Eu acreditava que levaria uma vida inteira para entender o coração humano. No final, só foi preciso um único dia.”
Por fim, se você é o tipo de pessoa que gosta de destacar ou colocar post-its os livros, se prepare por que esse é cheio de citações lindas. O fato de a história se passar dentro de um dia faz com que a narrativa trabalhe de forma flúida. É uma ótima pedida para uma leitura mais leve e cheia de significado que pode fazer até o mais cético acreditar em destino.
LEIA TAMBÉM:
– RESENHA | O pacifista – John Boyne