Título:
Bom dia, Verônica
Título original: Bom dia, Verônica
Autor(a): Raphael Montes e Ilana Casoy
Páginas: 256
Editora: DarkSide
ISBN:8594540884
Valor médio: R$ 59,90
(clique aqui para comprar)
Originalmente divulgado como uma obra de Andrea Killmore, pseudônimo utilizado por Raphael Montes e Ilana Casoy, Bom dia, Verônica (DarkSide, 2016) é um livro nacional publicado pela editora DarkSide. Posteriormente, a Netflix adquiriu os direitos autorais para adaptar a obra em formato de série para o streaming e levar o romance policial brasileiro para o resto do mundo.
Verônica Torres – ou Verô para os íntimos –, é uma escrivã no Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) em São Paulo. Trabalhando como secretária do Delegado Wilson Carvana, Verônica nunca se envolve diretamente com as investigações da Polícia Civil, lidando apenas com questões burocráticas. Entretanto, em um dia que começa como outro qualquer com os clássicos engarrafamentos em São Paulo, tudo muda para a mulher.
Casada e mãe de dois filhos, a personagem presencia o suicídio de uma mulher na delegacia, o qual foi motivado por um crime e um coração partido. Essa mulher era Marta Campos, que tinha comparecido à delegacia para prestar queixa de um homem que conheceu virtualmente e lhe aplicara um golpe. Após Carvana declarar que iria engavetar o caso, Verônica pede para prosseguir com a investigação, recebendo um não, mais tóxico que o necessário, do seu chefe.
A vida é assim: você faz cem coisas certas, mas os sacanas só se lembram de uma coisa errada. É injusto pra caramba, a injustiça dói na alma. Senti meu peito pesar. A onda de angústia que eu conhecia bem tentava sair pelas frestas mal costuradas do meu passado.
Intrigada, Verônica resolve investigar o caso de Marta Campos por conta própria. Assim, durante uma breve fala em um noticiário local, a escrivã desperta a coragem de Janete. A dona de casa abandonou a vida e a família no interior para morar na grande São Paulo com o marido Cláudio Antunes Brandão, um policial militar. Janete liga para Verônica para procurar ajuda, pois acredita que o marido vai matá-la e revela para a escrivã que o marido já matou muitas mulheres antes. A escrivã leva a questão para o delegado Carvana, que novamente fala para Verônica engavetar o caso uma vez que Janete não foi até a delegacia prestar queixa.
Dessa forma, a escrivã mergulha em duas investigações paralelas: descobrir quem enganou Marta Campos e descobrir o máximo possível sobre o marido de Janete para ajudá-la. Alguns deslizes da protagonista durante a investigação podem ser observados, o que gera desconforto no leitor que percebe que Verônica poderia ser mais cuidadosa. Entretanto, esses são pequenos detalhes que acabam gerando mais adrenalina e curiosidade ao longo da narrativa. Além disso, são falhas que tornam a personagem humana, visto que ela é apenas uma escrivã da Polícia Civil.
Peguei uma folha de papel em branco, dividi no meio e comecei meu plano. Dois casos, duas metades. Marta e Janete. Coloquei as engrenagens pra rodar, elencando as principais pendências de ambos os casos.
A alternância entre os capítulos narrados por Verônica e Janete pode incomodar a princípio, mas é algo feito de forma sutil e que dá um ritmo diferente para a leitura. Isso porque com o desencadear da trama, essas mudanças nos levam para a narradora que gostaríamos de estar observando naquele determinado momento. Todavia, o livro é majoritariamente narrado pela protagonista Verônica Torres.
Algumas questões de gênero são identificadas ao longo do texto, desde o início da obra até a última página. Verônica é uma protagonista mulher, que resolve investigar por conta própria os dois casos em que as mulheres pediram ajuda e o delegado Carvana ordenou que engavetasse. É visível o descaso do delegado, que também se mostra extremamente machista ao longo da história. Possivelmente o fato do livro ser escrito em parceria de um homem e uma mulher potencializou que essas questões fossem inicialmente levantadas entrelinhas e ganhassem força ao longo da leitura.
Instigante, o livro apresenta um texto fácil de ser lido, como uma excelente opção de leitura para o final de semana. Quando você dá início à leitura de Bom dia, Verônica, o difícil é escolher quando parar pra dormir ou até beber um copo d’água, visto que a curiosidade te prende e te faz querer saber logo o que acontece. É um thriller nacional, que se passa na cidade de São Paulo e, mesmo sendo uma ficção, aborda crimes e questões que existem na sociedade atual. Entretanto, é importante destacar que a narrativa em determinados momentos apresenta cenas extremamente pesadas, que podem gerar desconforto em quem está lendo. Então fica o alerta de gatilho para suicídio, estupro, tortura e violência.
Por fim, vale ressaltar que o livro foi adaptado recentemente pela Netflix em formato de série, que estreou no dia 1º de outubro no streaming. A série apresenta muitos pontos que divergem do livro, algo que é perceptível desde o início do primeiro episódio. De modo geral, a série tem a mesma ideia do livro, mas as experiências são completamente diferentes além da adaptação introduzir personagens que não existem na história original.
LEIA TAMBÉM:
– Resenha | Flores para Algernon – Daniel Keyes