Em maio, a Netflix lançou a série documental Jeffrey Epstein: Poder e Perversão, que trouxe à tona inúmeras polêmicas envolvendo famosos, milionários e até membros da família real inglesa. A produção conta a luta por justiça das vítimas de Jeffrey Epstein, acusado de fazer um esquema de “pirâmide sexual” com meninas menores de idade. Entenda a história completa:
O Jeffrey Epstein:
Conhecido como o “Gatsby moderno”, Epstein era economista e empresário poderoso dos Estados Unidos. A forma com que conseguiu todo seu dinheiro e fama ainda é uma pergunta sem resposta. O que se sabe é que nos anos 80, o milionário trabalhou em Wall Street e ali começou a construir sua rede com pessoas poderosas. Ao fazer parcerias com inúmeras empresas – incluindo a L Brand, responsável por marcas como Victoria’s Secret e Abercrombie & Fitch – seu patrimônio só aumentou. No início dos anos 90, Jeffrey conheceu Ghislaine Maxwell, uma socialite inglesa que o ajudava a escolher e abordar suas vítimas. A partir desse momento, começava a ser criada a “pirâmide sexual” de Epstein. Suas residências em Manhattan, Palm Beach, Paris e sua ilha particular nas Ilhas Virgens eram os principais locais de ataques.
As Vítimas:
Epstein procurava pessoas sem perspectiva e as comprava com o seu poder e influência. A maioria de suas vítimas consistiam em meninas de 12 a 17 anos que viviam em situação de vulnerabilidade. No decorrer da série
, conhecemos 16 mulheres que passaram pelo abuso e eram estimuladas a convidar amigas, irmãs ou conhecidas para tardes nas mansões do pedófilo e, assim, formar a pirâmide. O número exato de meninas que foram vítimas de Epstein é, e provavelmente seguirá, desconhecido.
Os Famosos:
Por suas posses e posição alta no mercado, Jeffrey contava com uma rede poderosa de amigos que frequentava suas casas e festas. Donald Trump, Bill Clinton, Kevin Spacey, Harvey Weinstein e Woody Allen são apenas alguns dos nomes citados por vítimas e testemunhas. Porém, talvez o mais polêmico até agora seja o Príncipe Andrew de York. Membro da família real britânica, Andrew é o único que foi mencionado como abusador na série. Com foto e testemunhas comprovando seu envolvimento com menores, o príncipe pediu afastamento de seus deveres com a realeza inglesa e se desligou das redes sociais.
Os Processos e Prisões:
A primeira acusação contra Jeffrey Epstein foi feita pela vítima Maria Farmer diretamente para o FBI em 1995. Nada foi feito. Após dez anos desde a primeira denúncia, começaram a aparecer novos casos envolvendo o milionário mas a investigação sempre era interrompida por órgãos governamentais mais poderosos que as delegacias policiais de pequenas cidades. Alexander Acosta, promotor do Distrito do Sul da Flórida na época do caso, fez um acordo favorável a Epstein e não o prendeu. Acosta foi um dos primeiros que teve oportunidade de salvar as vítimas desse esquema. Em 2008, o pedófilo foi preso por prostituir uma menina menor de 18 anos e ficou um ano na cadeia, onde era rodeado por regalias como TV e cela destrancada. Epstein foi sentenciado à prisão domiciliar em 2010. Apesar disso, continuava fazendo viagens à sua ilha particular e Manhattan, sem que ninguém investigasse. Após inúmeros processos abertos em vários estados norte-americanos, o FBI interveio e em 2019, Epstein foi preso no aeroporto de Teterboro, em Nova Jérsei. Nas semanas seguintes à sua prisão, agentes do FBI abriram as casas do economista com mandados de busca e acharam inúmeras telas, fotos e conteúdo de nudez e pornografia infantil. Epstein foi julgado e declarado culpado duas semanas após sua prisão. O juiz Richard Berman negou a fiança oferecida de 600 milhões de dólares e disse que Epstein representava um perigo para o público e poderia fugir para evitar novos processos. O economista foi encontrado tentando se enforcar em sua cela, foi levado ao hospital mas devido aos ferimentos, não resistiu e foi declarado morto cinco dias depois do julgamento final. LEIA TAMBÉM:
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E agora?
As vítimas do pedófilo continuam lutando por justiça e juntando provas contra outras pessoas envolvidas. O caso contra Epstein foi fechado devido à sua morte. Ghislaine Maxwell, sua principal parceira, não é vista em público desde 2009 e ninguém sabe ao certo onde ela está e como vive. Alexandre Acosta, promotor que teve a oportunidade de acusar o economista, foi Secretário do Trabalho durante uma parte do governo Trump e renunciou do cargo após escândalos envolvendo Epstein voltarem à tona. Todos os nomes citados por facilitar a vida judicial de Jeffrey também se negam a dar entrevistas. Leslie Wexner,
CEO da L Brand, além de negar participação na pirâmide sexual do economista, o acusou de roubar mais de 40 milhões de dólares de sua empresa. O empresário alegou que isso teria acabado com a relação dos dois.
Todos os famosos citados no caso negam envolvimento e conhecimento do esquema de Epstein. Ninguém foi levado a julgamento até o dia desta publicação.
Teorias da Conspiração:
A morte de Jeffrey Epstein foi bastante controversa. Alguns médicos dizem que os ferimentos e a forma com que ossos de Epstein se quebraram não condizem com enforcamento. Em contrapartida, existem algumas teorias que dizem que isso foi, na verdade, um homicídio, uma vez que, agora sem possibilidade de sair da prisão, Jeffrey poderia delatar todos os seus amigos poderosos envolvidos em seu esquema. Na época de lançamento da série na Netflix, o grupo Anonymous postou no Twitter documentos que comprovam a ligação de mais famosos com Epstein. O principal acusado de envolvimento com pedofilia e agenciamento de menores de idade é o atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Uma teoria que também foi levantada e causou grande comoção envolveu o DJ Avicii e uma suposta acusação a Epstein. Em seu clipe “For a Better Day“, Avicii abordou a questão de tráfico infantil, poderosos envolvidos e um grupo que derrubaria um por um, até que todos pagassem por seus crimes. O DJ foi encontrado morto em seu quarto de hotel em 2018, a causa foi dada como suicídio por overdose de remédio. O grupo Anonymous sugeriu que se trata, na verdade, de um homicídio a mando de Epstein e pessoas que tinham conhecimento de seu esquema.