O Séries Brasil é composto por pessoas apaixonadas por séries de tv e cinema. Não somos formados na área, portanto, são críticas feitas de fã para fã, com o intuito de facilitar e democratizar a leitura para todo o tipo de pessoa.
FICHA TÉCNICA
Título: O Corvo
Classificação indicativa: 18 anos
Gênero: Ação, Fantasia e Terror.
Duração: 1 hora e 51 minutos
Direção: Rupert Sanders
Elenco: Bill Skarsgård, FKA Twigs, Danny Huston, Laura Birn, Jordan Bolger, Isabella Wei.
Sinopse oficial: As almas gêmeas Eric Draven e Shelly Webster são brutalmente assassinadas quando os demônios de seu passado sombrio os alcançam. Atravessando os mundos dos vivos e dos mortos, Draven retorna em busca de vingança sangrenta contra os assassinos.
TRAILER OFICIAL
CRÍTICA SEM SPOILERS
30 anos após o lançamento do filme estrelando Brandon Lee, “O Corvo” retorna aos cinemas em uma nova versão. Será que essa adaptação consegue se estabelecer para além da tragédia do filme original?
Em geral, o filme é competente no que se propõe a ser. Porém, é possível notar que a fundação de toda a história é relativamente frágil. Por ser centrada em um casal e a dinâmica deles ser o combustível que movimenta toda a trama, é necessário que os dois membros do relacionamento sejam bem desenvolvidos como indivíduos. Infelizmente, Shelly (FKA Twigs) parece ficar com a maior parte da profundidade enquanto Eric (Bill Skarsgård) acaba ficando um personagem sem graça. Principalmente após a transformação dele em O Corvo, nós perdemos qualquer possibilidade de conhecer ele para além de ser apaixonado na Shelly. A química entre os dois é boa mas não é no nível de almas gêmeas que o filme tenta tanto dizer que é. Passamos praticamente um terço do filme vendo eles interagirem, mas não temos uma evolução nessa paixão. Isso acaba fazendo os dois parecerem dois adolescentes impulsivos ao invés de um grande casal com um relacionamento que é capaz de reviver alguém.
A narrativa é linear mas acaba deixando muito a desejar em questão de tensão. Não importa quantas cenas de luta sejam bem coreografadas se sabemos que não tem risco nenhum ali. Principalmente para o final do filme, os antagonistas não acabam sendo uma grande ameaça, o que deixa um sentimento de oportunidade perdida quando os créditos sobem. Os antagonistas são malvados só por serem e não ganhamos muita perspectiva sobre quem eles são, o que não seria ruim se o filme entregasse uma conclusão satisfatória para os arcos de todos os personagens.
A ambientação não é nada interessante. Até nos cenários no Além são sem inspiração. Se tratando de um mundo onde pactos, demônios e ressureição existem, “O Corvo” apresenta eles do jeito mais sem sal possível. No final, isso acaba afetando a história por não entregar um cenário que converse com o nível de drama da narrativa.
O filme parece que quer abraçar dois estilos muito contrastantes. Em um lado, temos o melodrama desse grande romance e a busca por vingança. No outro, temos um filme de ação onde o protagonista é um exercito de um homem só sem sentimentos e consegue massacrar uma equipe de segurança completa como se fosse nada. É possível que em algum universo esse filme tenha conseguido juntar esses opostos e formar uma grande obra? Sim, mas no nosso ficamos com um produto que é competente mas pouco memorável.
“O Corvo” é um filme que você não vai se arrepender de ver. Provavelmente cairia na lista de “Filmes para ver quando não tem nada melhor passando”. Há apenas uma exceção, que é caso você goste de homens tatuados sem camisa e cobertos dos mais diversos líquidos. Aí definitivamente você tem grandes chances de amar esse filme.
Nota: 2,5/5