No dia 27 de Junho Dark chegou ao tão esperado final com a estreia da 3ª e última temporada. A série que vem conquistando o mundo desde 2017, quando a 1ª temporada estreou no streaming, pode ser considerada uma das melhores séries da Netflix e certamente a mais complexa. Com duas temporadas aclamadas pela crítica, a 3ª temporada chegou acompanhada de muita expectativa e perguntas para responder.
O final da série manteve o nível de complexidade, exigindo ainda mais atenção do telespectador na última temporada. Além disso, Dark é uma série que fugiu do estereótipo da série clichê de ficção científica, abordando temas com embasamentos mais filosóficos e até trazendo conceitos de física quântica. Isso somado ao suspense presente na trama, que é sem duvida um dos grandes atrativos que prende o telespectador que busca explicações e respostas.
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ATENÇÃO: Essa matéria contém SPOILERS da 3ª temporada de Dark e do final da série. Leia por sua conta e risco. Nós estamos avisando!
“O fim é o começo e o começo é o fim”
A 3ª temporada de Dark inicia logo após o fim da 2ª temporada, com o apocalipse prestes a acontecer na pequena cidade de Winden. Nesse momento, Jonas (Louis Hofmann) presencia Adam (Dietrich Hollinderbäumer) matar Martha (Lisa Vicari). Em seguida, uma Martha diferente aparece para salvar Jonas, mas diz não ser quem ele estava pensando, e utiliza uma esfera para viajar para um mundo diferente.
A partir desse momento nós começamos a ser introduzidos a trama da nova temporada, que não surpreendendo, aborda agora um mundo paralelo ao que conhecíamos. Dessa forma, tanto o telespectador quanto Jonas do mundo 1 vão conhecendo esse novo universo, reparando as diferenças e as semelhanças entre Winden nos dois mundos. E esse é um dos principais motivos pra trama dessa temporada ser ainda mais complexa do que tudo que foi assistido até o momento, pois agora além de observar épocas diferentes, quem assiste também precisa diferenciar os dois mundos.
Entretanto, tudo é muito bem trabalhado e construído. Existem diferenças visuais que podem ser observadas, desde aos efeitos de transição entre os mundos até os detalhes presentes nas cenas de cada realidade. É possível observar que no mundo 2 é tudo mais nebuloso e que as cores são diferentes, além das diferenças físicas nos próprios personagens e nos cenários espelhados. Outro detalhe que também é possível observar é no lettering da data do segundo mundo.
Diferenças e semelhanças entre os dois mundos de Dark
O mundo 2 apresentado na 3ª temporada de Dark mostra Winden, a mesma cidade do mundo 1, porém com algumas alterações na vida dos seus habitantes. Nós listamos algumas das mudanças para vocês:
No mundo 2, a famosa casa dos Kahnwalds é habitada por pessoas diferentes. Quem mora ali é Katharina (Jördis Triebel) com seus filhos Martha, Magnus (Moritz Jahn) e Mikkel (Daan Lennard Liebrenz). Entretanto, Ulrich Nielsen (Oliver Masucci) não está ali. Isso porque, nesse mundo, Ulrich é casado com Hannah (Maja Schöne) que está grávida dele. Nesse mundo, Martha namora com Kilian Obendorf (Sammy Scheuritzel) e não com Bartosz Tiedemann (Paul Lux). Ah, e claro, a maior diferença entre os dois mundos: Jonas não existe no mundo 2. E isso é justificado com a sequência de acontecimentos que observamos na trama.
Entretanto, algumas coisas não mudam entre os mundos: certos acontecimentos e a personalidade dos personagens. Um “Eu te amo” não correspondido, uma traição descoberta. Tanto no mundo 1 quanto no mundo 2 a infidelidade de Ulrich é destacada, a diferença é que no mundo 2 Ulrich trai Hannah com Charlotte Doppler (Karoline Eichhorn). Existem outras diferenças observadas, como o fato de que no mundo 2 existe uma inversão entre as irmãs Doppler, pois agora Franziska (Gina Stiebitz) não fala e Elisabeth (Carlotta von Falkenhayn) sim.
A maior diferença entre os mundos para o telespectador acaba sendo uma consequência de uma coisa que não acontece nesse segundo mundo. Aqui, quando os adolescentes vão para as cavernas após o desaparecimento de Erik, Mikkel não vai com os irmãos. Dessa forma, Mikkel nunca desapareceu e também nunca “virou” Michael Kahnwald, e como consequência disso, Jonas não nasce.
Porém, isso só prova que ambos os mundos estavam destinados ao apocalipse, e que a causa ainda era uma incógnita.
Durante a temporada…
Com a apresentação de um novo mundo, a trama começa a se desenrolar para Jonas e para o público ao mesmo tempo, afinal, ele está tão perdido quanto o telespectador nessa temporada. Por outro lado, o Jonas possui um grande problema chamado “confiar demais em todo mundo”. Imaginem um personagem que é enganado por todo mundo, inclusive por ele mesmo. Jonas foi usado por todos, ao ponto de não conseguir deduzir quem estava certo ou errado, simplesmente acreditava em tudo que falavam e seguia as instruções.
Com a trama completa, nós conseguimos perceber também que Dark não é uma série sobre vilões e heróis, mas sim sobre quem está certo. Até a 2ª temporada existia a insegurança entre quem acreditar: Adam ou Claudia? E essa dúvida é presente tanto no telespectador quanto no próprio Jonas. Posteriormente, na 3ª temporada, encontramos uma questão parecida. Só que agora, entre Adam e Eva. E além de Jonas, Martha também ganha espaço na trama e não sabe em quem acreditar. Entretanto, com o desfecho da temporada, descobrimos que nem Adam nem Eva estavam certos.
Novos personagens entram para a trama de Dark
Mesmo com inúmeras questões para explicar nessa temporada, Dark ainda arriscou em nos apresentar novos personagens. O que mais chamam atenção é o personagem visto no trailer, e que também é o primeiro a aparecer na 3ª temporada da série. Um personagem sem nome, que está sempre acompanhado de mais duas versões de si mesmo. Sendo assim, uma versão criança, outro adulto e também um idoso. Esse personagem, por fim, é revelado como filho de Jonas e Martha, que Adam acredita ser “a origem” de tudo.
Além do personagem sem nome, também conhecemos Helene Albers (Katharina Spiering), mãe da Katharina, e Kilian Obendorf, irmão de Erik Obendorf e também namorado de Martha no mundo 2. Helene trabalha no hospital psiquiátrico em que Ulrich está, e assim acaba conhecendo sua própria filha sem saber. Entretanto, ao exibirem a história da personagem Helene, o telespectador presencia algumas cenas violentas entre Helena e a filha, tanto durante a adolescência de Katharina quanto no reencontro quando Katharina vai ao passado. Além disso, em 1954, Hannah (que se apresenta como Katharina) conhece a Helene adolescente, que teria realizado um aborto com apenas 12 anos de idade.
Um final planejado que honrou a trajetória
Como dito anteriormente, Dark é uma série mais complexa do que estamos acostumados a assistir. Entretanto, mesmo depois de 3 temporadas, a série apresentou um final digno e compatível com tudo aquilo que fomos introduzidos nas temporadas anteriores. Amarrando de forma perfeita os pontos que ainda estavam soltos e entrelaçando ainda mais as árvores genealógicas da série, Dark honrou toda a trajetória que foi construída até então, e conseguiu responder a maioria das perguntas que surgiram ao longo da trama.
Embora apresentar um novo mundo fosse algo arriscado nessa altura da série, Dark conseguiu realizar isso de forma impecável, além de proporcionar o sentimento de nostalgia aos fãs que relembraram os acontecimentos da primeira temporada. Por fim, o modo que Jonas e Martha reconhecem a decisão certa a ser tomada para salvar o mundo de origem também foi algo que agradou ao assistir, visto que os dois protagonistas sempre estavam seguindo instruções de alguém, mantendo assim esse padrão até o final da série.
Recepção da crítica e do público…
Colhendo os mesmos frutos das duas temporadas anteriores, Dark mais uma vez é aclamada e encerrou o seu ciclo com chave de ouro. No famoso site americano Rotten Tomatoes, Dark obteve 93% de aprovação da crítica baseada em 14 notas e 97% de aprovação do grande público, baseado em 1636 notas.