Título:
A menina do outro lado
Título original: とつくにの少女 – Siúil, a Rún
Autor(a): Nagabe
Páginas: 176
Editora: DarkSide
ISBN:8594540884
Valor médio: R$ 54,90
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Eu preciso confessar que sofro do mal chamado: tenho muitos livros em casa, mas vou preferir ler algo que não tenho. Pois é, eu sou assim. Brincadeiras à parte, acho muito bacana a sensação de entrar em uma livraria (ou no site dela nesses tempos de pandemia) e escolher um livros às escuras, sem que eu conheça nada sobre a obra ou autor, mas porque alguma coisa na sinopse me chamou atenção. Foi mais ou menos nessa linha de raciocínio que cheguei até A menina do outro lado (Darkside, 2019). Após ler o livro, acho que continuei às escuras quanto a trama, porém, além do escuro, também fiquei com medo.
Na obra, um mangá, somos apresentados a um universo paralelo em que, aparentemente, há criaturas estranhas que não podem tocar os seres humanos. Se isso acontecer, a pessoa será amaldiçoada. Após essa explicação, conhecemos uma garotinha, Shiva. A menina está passeando perto de casa e comenta que “ele” vai se zangar porque ela saiu e demorou. Logo descobrimos que a pessoa a quem ela se refere é, na verdade, uma criatura com um longo capuz negro e uma cabeça que parece com a de um bode com chifres de cervo. A menina se refere a criatura como sensei. Não fica muito claro o que está acontecendo no mundo, mas, aparentemente, criaturas como o sensei estão amaldiçoando os seres humanos. A questão é: por que ele está protegendo Shiva?
Alguém pode me dizer o que diabos está acontecendo aqui?
No início da resenha mencionei que após a leitura do mangá continuei no escuro. A razão para isso é que, nesse primeiro volume, não fica claro o que está acontecendo. Do mesmo modo, não tem tantos acontecimentos relevantes a não ser uma infinidade de pistas. A sensação que tive lendo foi quase de falta de ar (uma sensação não tão bacana para sentir atualmente). Não dá para saber de início se a criatura é bem intencionada ou não e preciso dizer que sua aparência é meio macabra. Vez ou outra aparecem algumas coisas meio horrendas também pela floresta onde vivem Shiva e o sensei, tornado muito complexa a construção tão pesada do universo e a visão de uma criança inocente no meio disso tudo.
Assim, a narrativa nesse primeiro volume segue sempre esse ritmo de suspense. Não sabemos muito bem quem ou o que são os personagens e quais as suas motivações, assim, quem lê não tem ideia do que esperar ao longo das páginas. O projeto gráfico do mangá é muito bem construído, além da edição sempre impecável da Darkside dar um tom a mais. Fica muito nítido o traço estilístico do autor e a constância do preto em relação ao branco, dando um tom mais pesado para a história. Novamente, menciono o conflito que isso gera com o fato de termos uma protagonista criança. Como imaginar uma criança circulando por um ambiente tão medonho? É justamente a jornada dela que proporciona a tensão de quem lê.
Alô, Conselho Tutelar?
Devo dizer que minha única crítica em relação a história é o fato de que agora me sinto na obrigação de acompanhar toda a série (e a lista de leituras de livros que já tenho em casa que lute). Estou muito curioso para entender melhor esse universo e para saber como Shiva vai lidar com os acontecimentos que ficam cada vez mais perturbadores e expostos a seus olhos. Só me resta então continuar a leitura e torcer para que, quando a obra iluminar o cenário que representa, o susto não seja grande demais.
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