Título:
Vermelho, branco e sangue azul
Título original: Red, white and royal blue
Autor(a): Casey McQuiston
Páginas: 392
Editora: Seguinte
ISBN: 9788555340949
Valor médio: 49,90
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A literatura juvenil experimentou uma série de mudanças nos últimos vinte anos, recebendo uma gigantesca leva de obras que revolucionaram o mercado editorial. Assim, se propiciou uma variedade enorme de obras para o público mais jovem. O Young Adult, por exemplo, ganhou os holofotes editorias e, até o presente momento, mantém um fluxo de publicação muito produtivo. É nesse panorama de sucesso que temos Vermelho, branco e sangue azul (Seguinte, 2019), o qual surfa na onda do Young Adult e traz uma narrativa envolvente sobre descoberta da sexualidade.
Nesta obra, Alex Claremont-Diaz é um americano de ascendência latina filho da presidente dos Estados Unidos. Ele embarca em uma viagem para o Reino Unido na intenção de participar do casamento real. O que ele não esperava era se encantar pelo irmão do noivo, o jovem Príncipe Henry. O que começa com uma amizade desajeitada vai se transformando em romance, ao mesmo tempo, obstáculos vão surgindo no caminho. Seja pelo conservadorismo da coroa seja pela dificuldade de Alex se encontrar enquanto bissexual, a narrativa mergulha em uma relação muito peculiar e que revela o preconceito e o amor em diversas facetas.
Quando Alex era pequeno, antes de todos saberem seu nome, ele sonhava com o amor como se fosse um conto de fadas, como se fosse entrar em sua vida nas costas de um dragão. Quando ficou mais velho, aprendeu que o amor era algo estranho que podia desmoronar por mais que você o desejasse, uma escolha que você faz mesmo assim. Ele nunca imaginou que estava certo nos dois momentos.
Quando escutei sobre a narrativa deste livro a primeira coisa que me chamou atenção foi o quão improvável seria imaginar uma situação como essa. E talvez esse seja um dos principais pontos que deve ser apontado sobre esse livro. Nas histórias de príncipes e princesas ronda um espectro heterossexual, como se só fosse possível esse tipo de relação nessa estrutura nobre. Ao fazer um príncipe se apaixonar por outro homem, Casey McQuisto está desafiando toda uma norma de contar histórias, e isso é algo muito positivo da sua escrita.
Durante a leitura, me deparei com um texto muito bem escrito e, principalmente, engraçado em diversos momentos. A relação entre os jovens é muito legal porque há pouco espaço para idealização. Na verdade, um não suporta muito o outro à medida que se relacionam. Isso só muda ao longo da história. É brilhante como a jornada dos dois vai efervescendo ao longo do tempo de forma bem gradual. É possível sentir quando a amizade vira paixão e o quão difícil é para Alex se despir da identidade hétero e vestir sua faceta bissexual.
Ele sempre partiu do princípio de que, se não fosse hétero, ele simplesmente saberia, assim como sabe que adora doce de leite no sorvete ou que precisa de um calendário tediosamente organizado para conseguir fazer qualquer coisa. Ele pensava que era tão inteligente sobre sua própria identidade que não restava nenhuma dúvida sobre quem era.
Além disso, esse livro faz um feito muito bacana. Há um misto de Young Adult e Chick-lit. Se mantém as questões de descoberta típicos desse primeiro, mas se embala a trama em uma forma narrativa em que o amor é muito importante e tem papel decisivo na trajetória. Isso torna a obra duplamente interessante, porque além de subverter a idealização dos príncipes e princesas, ainda subverte os modos de contar histórias sobre sujeitos LGBTQIA+.
Por fim, creio que esse tipo de livro traz um fôlego muito importante, seja para quem está fora do padrão hétero seja para quem está dentro. Apesar dos conflitos internos das personagens, eles possuem muito apoio daqueles que estão por perto para assumirem quem são. Há muito amor envolvido nas relações, apesar de algumas forças de contenção, sobretudo com Henry. A mistura de gêneros fez a história mostrar que ser LGBTQIA+ também é ter muita alegrias, para além das dores. Além de evidenciar aspectos sexuais comumente escondidos no YA. Tudo que tenho a dizer é: LEIAM ESSE LIVRO.
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