Título:
Eu, você e a garota que vai morrer
Título original: Me, Earl and the dying girl
Autor(a): Jesse Andrews
Páginas: 288
Editora: Fábrica231 (selo Editora Rocco)
ISBN: 9788568432181
Valor médio: 23,00
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Certamente você já conheceu alguma trama que trata do câncer e da morte das mais diversas maneiras. Um livro com um título forte como Eu, você e a garota que vai morrer (Fábrica 231, 2015) aborda os dois assuntos de uma forma bem particular, além de ser narrado por um garoto totalmente deslocado no mundo. Encerrei a leitura recentemente após passar muitos meses com esse livro na minha lista de futura de compras. Lembro de o ter adicionado depois de assistir algum vídeo sobre ele no Youtube. Acabei me interessando pela história e guardando ela na minha cabeça desde então, mesmo sem nunca ter pego pra ler.
O livro é inteiramente narrado pelo protagonista Greg Gaines, um garoto de 17 anos que tinha como lema na escola nunca se aproximar realmente de alguém. Havia, no entanto, uma exceção: Earl Jackson, o mais próximo de amigo que ele tinha. Os dois se conheceram enquanto crianças e desde então possuem essa relação de quase amigos e colegas. Mas colegas do que, você deve estar se perguntando. Desde a infância, Greg e Earl produzem filmes, que na verdade são paródias de alguns longas, junto de algumas ideias próprias e com roteiros únicos. Ambos vivem o ensino médio de forma anônima, inclusive passavam o horário de almoço com o único professor que suportavam. Greg vê esse anonimato ameaçado quando sua mãe o obriga a se aproximar de Rachel Kushner, uma colega de infância que é diagnosticada com leucemia. É a partir daí que a história se desenvolve pelo restante das páginas, enquanto descobrimos mais sobre os personagens.
Um aspecto muito interessante da obra é que desde o início existe uma consciência interna de que a história é uma narrativa literária. Ou seja, o narrador evidenciar que aquilo que acontece é parte de uma ficção e as personagens seguem a mesma dinâmica. Greg, por exemplo, conversa diretamente com o leitor em quase todos os momentos, enquanto apresenta os acontecimentos de sua vida um tanto quanto peculiar. O garoto faz piadas quase que 100% do tempo. Algumas são de fato engraçadas, outras nos deixam com aquela incômoda sensação de vergonha alheia, assim como as situações que ele passa.
Earl é um personagem bastante complexo. Além de fazer as produções caseiras com Greg, ele também vem de um lar problemático, com histórico de envolvimento de drogas e tudo mais. A mãe praticamente desistiu de tudo, e ele parece ser o único com a cabeça no lugar dentro da casa. Em contrapartida há Rachel, que possui algumas amigas e acaba tendo Greg e Earl como participantes disso. Ela parece ser a única a realmente gostar dos filmes que os garotos fazem. E também uma das poucas a ter acesso a eles, o que é explicado no livro.
Outro tópico curioso do livro é que acabamos gostando de um verdadeiro babaca. O jeito de agir de Greg Gaines é estranho e inconveniente, mas que faz sentido, considerando que estamos falando de um adolescente de 17 anos. Por palavras dele mesmo, esse é o pior livro do mundo. O famoso caso de “ame ou odeie”, mas que só lendo para saber o que isso significa. Eu particularmente achei intrigante. A leitura vale simplesmente pelos momentos em que o enredo de faz rir. Lidamos com muitos momentos aleatórios que acabam nos tirando um pequeno sorriso que seja.
Eu, você e a garota que vai morrer também possui uma adaptação cinematográfica com o mesmo nome, distribuída pela Fox Searchlight Pictures. O filme deixa algumas situações que o livro aborda de fora, provavelmente por decisão criativa, porém nada disso tira a essência da narrativa. Acredito que fica inclusive mais fluido, assim como mostra um Greg um pouco menos babaca (mas ainda sim babaca). Atualmente está com 81% no Rotten Tomatoes e se encontra disponível no serviço de streaming da Rede Telecine.
Por fim, devo lembrar que essa não é mais uma história de amor que inclui o câncer, assim como A culpa é das estrelas (Intrínseca, 2012), de John Green. Acredito que o câncer aqui é tratado de uma maneira bastante diferente, mas ainda assim mostrando o quão debilitada a pessoa fica com o tratamento. Não se trata de um romance romântico. Fala da relação que Greg, Earl e Rachel criam com o tempo. Um vínculo sincero e único. Um mundinho particular.
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